Cambuci: uma árvore em extinção

A árvore se encontra em sério risco de extinção. Mas há esperança, pois dezenas de produtores familiares vêm tirando a fruta do esquecimento.

Fonte da imagem: Webysther Nunes, CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons

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Pergunte a um paulista sobre o Cambuci. Se for da capital, dirá que é bairro. Se for do interior, é provável que se lembre da cachaça. Ambos estão certos. O nome deriva, de fato, dessa fruta nativa da Mata Atlântica, endêmica da Serra do Mar, outrora abundante no sul da região metropolitana de São Paulo. Não apenas brotava na floresta como também no pomar das casas, onde era cultivada para servir de aromatizante na cachaça.

OS FRUTOS DO CAMBUCI


O fruto do cambuci tem uma forma muito peculiar, é ovóide-romboidal com uma crista horizontal, mais ou menos na região do equador, que o divide em duas partes, lembrando a forma de um disco voador, uma urna ou pote de água dos índios.

É por esta razão que se acredita que o nome cambuci vem da palavra tupi-guarani que significa pote de água.


Os frutos do cambuci têm um perfume intenso adocicado, mas de sabor bastante ácido, semelhante ao do limão, porém são muito apreciados por algumas pessoas e podem ser utilizados na confecção de geleias, sorvetes, sucos, licores e macerados em bebidas alcoólicas, como a pinga. 

Apesar de ácidos, seus frutos são apreciados também ao natural. Nos tempos coloniais, era feita uma infusão alcoólica em pinga dos frutos do cambuci ou de uma mistura de cambuci e uvaia, e essa infusão possuía um aroma e gosto interessantes.

O RÁPIDO CRESCIMENTO URBANO DO CAMBUCI


Com o crescimento urbano, a cachaça de cambuci (Campomanesia phaea) sumiu, assim como a própria fruta, cuja árvore hoje se encontra em sério risco de extinção. Por isso o cambuci hoje faz parte da Arca do Gosto, lista de alimentos ameaçados criada pela fundação Slow Food.


Agora, dezenas de produtores familiares vêm tirando o cambuci do esquecimento, decididos a explorar o potencial dessa fruta profundamente aromática, doce na fragrância e ácida no paladar. 

Em todo o cinturão verde de São Paulo, surgiram sucos, sorvetes, geleias, licores e até cosméticos produzidos à base de cambuci - sem falar de receitas excêntricas, como a moqueca e o estrogonofe.

A vitrine disso tudo é a Rota Gastronômica do Cambuci, uma integração de festivais locais que acontece entre março e setembro, cada mês em uma cidade. Em 2013, houve a participação de quase 60 produtores, de sete municípios. A rota vai aumentar este ano. "Já distribuímos mais de 10 mil mudas", conta Gabriel Menezes, diretor da Associação Holística de Participação Comunitária Ecológica (AHPCE), a entidade que organiza o evento.


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